PF prende dono do grupo gestor da Faisa

PF prende dono do grupo gestor da Faisa

6 de setembro de 2019 Off Por Da Redação

A Polícia Federal prendeu na manhã de terça-feira (3), o dono da Universidade Brasil, antiga Uniesp gestora da Faculdade de Ilha Solteira – Faisa, José Fernando Pinto da Costa, de 63 anos, na Operação Vagatomia que investiga o fraude no Fundo de Financiamento Estudantil do governo federal (Fies) na cidade de Fernandópolis.
Conhecido como Fernando Costa, o presidente da universidade foi preso em São Paulo. O filho do empresário, que também é sócio do grupo educacional, foi preso no aeroporto de Guarulhos em São Paulo. Os dois são apontados pela Polícia Federal como chefes do esquema. Outras 18 pessoas foram presas, dentre elas funcionários da universidade, presidente e o vice do time de futebol da cidade.

A operação investiga um grande esquema de fraudes na concessão do Fies e na comercialização de vagas e transferências de alunos que moram fora do país – principalmente do Paraguai e da Bolívia – para o curso de medicina em Fernandópolis.

Segundo estimativas iniciais da PF, nos últimos cinco anos, aproximadamente R$ 500 milhões dos programas foram concedidos fraudulentamente. Também estão sob investigação da Polícia Federal as bolsas do Prouni e fraudes relacionadas a cursos de complementação do exame Revalida.

A assessoria de imprensa da Universidade Brasil informou que está a par da operação realizada pela Polícia Federal e que, por enquanto, não vai se pronunciar sobre o assunto.

A Polícia Federal informou que durante a operação alguns investigados tentaram fugir no momento das prisões e outros jogaram celulares de prédios, antes da entrada dos policiais. Os celulares foram recuperados e os foragidos foram localizados e presos.

A ação deflagrada pela delegacia de Jales, contou com o apoio de 250 policiais federais para cumprir 77 mandados judiciais para cumprir em Fernandópolis, São Paulo, Rio Preto, Santos, Presidente Prudente, São Bernardo do Campo, Porto Feliz, Meridiano, Murutinga do Sul, São João das Duas Pontes e Água Boa no Mato Grosso.

Entre os mandados judiciais expedidos estão 11 prisões preventivas, 11 prisões temporárias, 45 ordens de busca e apreensão e 10 medidas cautelares que podem ser alternativas à prisão. Os presos foram indiciados pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas de informações e estelionato majorado. Somadas as penas podem chegar a 30 anos de reclusão.

Eles serão ouvidos e posteriormente conduzidos para cadeias da região onde permanecerão presos à disposição da Justiça Federal. De acordo com as investigações, os empresários estariam investindo o dinheiro recebido com as fraudes em imóveis urbanos e rurais no Brasil e no exterior, além da compra de aeronaves de pequeno e grande porte e dezenas de veículos de luxo. A Justiça Federal então determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados até o valor de R$ 250 milhões.

Investigação

No início do ano, a PF recebeu informações que relatavam crimes e irregularidades no campus de um curso de medicina em Fernandópolis. As vagas para ingresso, transferência e financiamentos do FIES para o curso de medicina estariam sendo negociados por até R$ 120 mil por aluno.

A operação ficou conhecida como Vagatomia, em alusão ao termo “tomia” que significa “corte”, geralmente utilizado em palavras que denominam procedimentos cirúrgicos. Os investigados reduziam as vagas do curso de medicina e FIES, na medida em que as vendiam, candidatos que teriam direito ao financiamento do Governo Federal sofriam com o corte das vagas disponíveis.

Segundo a Polícia Federal, com o crescimento desordenado de alunos de medicina no campus em Fernandópolis fez com que a qualidade dos estudos foi prejudicada, e os alunos que estudam de forma regular procuraram o Ministério Público Federal para denunciar as fraudes.

Durante oito meses de investigações, a Polícia Federal apurou as informações e concluiu que o líder da organização criminosa é o próprio dono da universidade, que também ocupa o cargo de reitor. O empresário, e seu filho, que também é sócio do grupo educacional, não só tinham conhecimento, mas também participavam dos crimes em investigação.

O esquema contava com “Assessorias educacionais”, uma estrutura administrativa formada por funcionários e pessoas ligadas à universidade dava condições para que as fraudes fossem realizadas. Os próprios funcionários negociaram centenas de vagas para alunos que aceitaram pagar pelas fraudes a fim de serem matriculados no curso de medicina.

A Polícia Federal informou que muitos desses alunos já identificados são filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos e empresários, todos com alto poder aquisitivo. Eles também podem responder criminalmente.
No decorrer das investigações, os alunos que fizeram as denúncias sofreram ameaças por parte dos donos da universidade, além de tentativas de influenciar e intimidar autoridades, destruição e ocultação de provas, dentre outras ilegalidades.